O Smart Audio City Guide é um ambiente colaborativo na Web, baseado em áudio, que se vale de informações georeferenciadas e GPS, como suporte à locomoção urbana de deficientes visuais, amparados por smartphones, com microfones e fones de ouvido.
O projeto, que começou a ser desenvolvido em novembro de 2011, foi idealizado pelo professor Artur Rozestraten, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), e desenvolvido pela equipe do professor Marco Aurélio Gerosa, do Instituto de Matemática e Estatística (IMEUSP), com a colaboração dos alunos graduandos em Ciência da Computação, Gabriel Reganati, Renata Claro e Thiago Silva. Hoje a equipe conta com o aporte da pesquisadora pós-doutoranda Silvia Valentini, bolsista do NAWEB.
Em maio de 2012 o Smart Audio City Guide recebeu o terceiro lugar no concurso de inovação Imagine Cup promovido pela Microsoft no Brasil.
Em outubro de 2013 o Smart Audio City Guide recebeu menção de destaque da Pró-reitoria de Pesquisa da USP na Olimpíada de Conhecimento na área de Humanidades, Ciências Sociais e Artes e uma síntese do projeto foi apresentada em vídeo: http://vimeo.com/77111941
O objetivo geral do projeto é colaborar para a inclusão social urbana da comunidade específica de pessoas com deficiência visual (cegos ou com visão subnormal). A proposta é que esta rede possibilite a construção, com base em um sistema colaborativo de inteligência coletiva, um amplo banco de informações em áudio – constantemente ampliado pelos próprios usuários – que possa amparar, orientar e estimular o caminhar independente dos deficientes visuais nas cidades. Esta rede teria um papel complementar, perfeitamente integrável a outras formas de apoio à locomoção, como o uso da bengala e cães-guia.
Amparada no sistema de geo-posicionamento por satélite (GPS), a rede se vale de dispositivos móveis conectados à Web que, por meio de fones e microfones, possibilitarão aos usuários com deficiências visuais, à medida que se desloquem pela cidade, receberem informações de voz geo-referenciadas. As informações disponíveis, gravadas por outros usuários que já passaram por aquele lugar e colaboraram com comentários, poderão garantir maior segurança ao percurso, mas, principalmente, poderão enriquecer a vivência do ambiente urbano, estimulando a percepção de aspectos sonoros, olfativos e táteis da paisagem do entorno. Tal enriquecimento da experiência do ambiente urbano diz respeito também à interação social virtual entre usuários, promovida pela rede e às possibilidades de desdobramentos com encontros reais entre usuários nos espaços da cidade. Do mesmo modo como poderá receber informações, o usuário também poderá gravar novas informações em áudio com suas impressões, sugestões e dicas para outros deficientes visuais. A reunião de todas estas informações constituirá – coletivamente e de modo colaborativo –, um acervo de impressões não-visuais sobre a paisagem de cidades invisíveis, mas sensíveis aos cegos, pois abertas aos demais sentidos além da visão. Odores (banca de flores, feiras, restaurantes, marcenarias), sons (escolas de música, camelôs, sirenes, zumbidos, ruídos, pássaros), texturas de paredes e pisos (desníveis, degraus, rampas, trechos com piso irregular), barreiras (troncos de árvores, postes e equipamentos urbanos como lixeiras, bancos, pontos de ônibus, orelhões) poderão ser mapeados pelo conjunto de usuários e, progressivamente, tecerem uma malha de
impressões, particularmente significativas para este grupo especial de usuários.
Na interação com a rede, os usuários serão estimulados a assumir uma posição ativa no processo de “aprender uns com os outros”, ampliando e resignificando as experiências individuais à medida que se articulam a uma esfera coletiva dinâmica e crítica. Não sendo de uso restrito ou exclusivo de deficientes visuais, a rede também oferecerá aos videntes (aqueles que têm visão normal) a oportunidade de uma experiência diferenciada do ambiente urbano, e também a oportunidade de interação social com os usuários cegos, promovendo a aproximação entre pessoas e a desmontagem de estereótipos e
pré-conceitos.
A construção e a permanente ampliação e aperfeiçoamento deste áudio-mapa de informações/impressões de ambientes urbanos não visíveis, coletivamente composto por cegos para cegos, capacitará a rede Smart Audio City Guide a ampliar o sentido de cidadania, acessibilidade e mobilidade a dois universos integrados, o mundo virtual da internet e o mundo real tangível de ruas, calçadas, praças, parques e edifícios, que compõem as cidades brasileiras, e onde as pessoas se encontram e interagem.